sábado, 7 de julho de 2012

O Acontecimento que não Aconteceu...


A Missa - A missa é um dos tesouros mais preciosos que Jesus nos deixou. A vida de Jesus foi uma missa vivida, pois Ele sempre explicava a Palavra de Deus e partilhava o pão. Assim foi na última ceia e em tantas outras ocasiãos que Jesus estava com os seus discípulos e o povo. E isto acontece hoje, agora, nesta missa e em todas as missas. Estamos agora partilhando a Palavra de Jesus e daqui a alguns momentos vamos partilhar o pão. E, ouvindo a Palavra do evangelho de hoje, podemos nos perguntar. Quem é Jesus para mim? É apenas uma palavra, uma idéia, um conceito, uma tradição vazia, ou Jesus é realmente um acontecimento na minha vida? Um evento? Um acontecimento que marcou o meu coração para sempre.
O Acontecimento - Me lembro que quando eu tinha 10 anos de idade, participei de um Festival de Teatro lá em Varginha, minha cidade natal. A peça chamava-se “O Palhaço do Planeta Verde” e eu era o palhaço, que se chamava Verdinho. A minha escola concorria com várias outras e, coisa que nós não espéravamos, até porque era um Festival muito concorrido, a minha Escola venceu como melhor peça teatral, e eu ganhei como melhor ator. E aquilo na minha vida foi um acontecimento. Eu tenho certeza que vc também tem um acontecimento assim na sua vida. Eu ganhei uma medalha, minha primeira medalha que eu até trouxe aqui para vocês verem para falar que eu não estou mentindo. Olhem aqui. Foi um acontecimento em minha vida que eu nunca mais esqueci. Acontceu a 34 anos atrás e eu lembro até hoje, com detalhes. É de um acontecimento deste tipo ou até mais forte que este que deveria ser a nossa relação com Deus. Você se lembra de quando Jesus entrou em sua vida, para valer? Porque se isto aconteceu, você nunca mais esquecerá.
Domingo do Acontecimento que não aconteceu - O domingo da missa de hoje poderia ser chamado o Domingo do Acontecimento que não aconteceu. Explico porque: Jesus estava começando a sua vida pública e estava tendo muito sucesso e amealhando fama em toda a região. É chegada a hora então de retornar à Nazaré e revelar aos seus conterraneos que ele era o Filho de Deus, o Messias prometido. Jesus entra na Sinagoga e lê um trecho do livro do profeta Isaías que narrava os fatos que aconteceriam quando o Messias se revelasse ao mundo: a libertação dos pobres e a evangelização deles; os cegos recobrariam a vista e seria então proclamado um ano da graça do Senhor.
Imaginemos a grande alegria no coração de Jesus. Retornar à sua casa, ao seu povo, aos seus parentes e dar a eles esta notícia espetacular, a notícia da libertação! Mas, para a frustração de Jesus, nada acontece...ninguém o reconhece como Filho de Deus, muito pelo contrário, as pessoas começam a criticá-lo, a menosprezá-lo, o que é pior, a colocar em dúvida as suas palavras: Como ele , um carpinteiro que nasceu aqui pode fazer milagres? Não é ele o filho de Maria, seus parentes não moram aqui? Quem ele pensa que é? O povo é tomado por uma admiração e não aceita Jesus. Jesus também fica admirado da falta de fé deles, e diz uma frase que se tornou célebre: Um profeta só é desprezado em sua pátria, que hoje se equivaleria a: casa de ferreiro, espeto de pau.
E o Evangelho termina dizendo que Jesus não pôde realizar alí nenhum milagre, a não ser curar alguns enfermos. Jesus sai de sua cidade natal, da cidade que mais amava, com muita dor no coração, se admirarando  da falta de fé do povo. Jesus estava trazendo para o seu povo a mais bela notícia que alguém podia dar: “Um ano de graça do Senhor”, mas as pessoas por falta de fé não acreditaram. Prefiriram se ater nos aspectos exteriores e deixaram a graça passar. Naquele dia o povo de Nazaré perdeu um ano cheio de graça do Senhor, simplesmente porque não tiveram fé em Jesus, não o reconheceram como o verdadeiro filho de Deus.
Santo Agostinho dizia uma frase que serve muito para nós neste domingo. Ele dizia: “Tenho medo de Jesus que passa...”, qual a causa do medo de Santo Agostinho? É Jesus passar e não reconhecé-lo como filho de Deus. O povo de Nazaré não reconheceu Jesus porque ele veio muito simples, muito pobre. Imagine se aquilo era um Messias que se apresentasse. Eles queriam um Messias poderoso que fizesse e acontecesse. Julgando Jesus pela aparência, esqueceram da essência, que é aquilo que conta. Talvez Jesus passe hoje por nós, e nós não o reconhecemos, porque ele vem na simplicidade. E isto nos ajuda a entender que Jesus é um Deus próximo.
Domingo da Proximidade - Este além de ser o Domingo do Acontecimento que não aconteceu, poderíamos chamá-lo também de o Domimgo da Proximidade. Jesus, retornando a sua cidadezinha natal nos mostra que é um Deus próximo. Um Deus que está conosco, de fato, Emanuel. Que a proximidade de Deus em nossa vida não faça com que nós o consideremos invisível. O ar que respiramos é muito próximo a nós. E é necessário. Sem ele morreríamos em alguns minutos. Assim é Deus. Ele é como ar. Tão próximo, tão junto a nós, que às vezes não damos a mínima para Ele. Mas quando a vida fica difícil, Jesus é o oxigênio que precisamos para passar pelos momentos difíceis. Estamos imersos, mergulhados na presença de Deus em nossa vida, mas ao mesmo tempo corremos o grande risco de não perceber esta grande GRAÇA.
Domingo da Fragilidade - Porque Jesus mostrou-se aparentemente fraco, os nazarenos não o aceitaram. Na segunda leitura de hoje, Paulo reclama ao Senhor do seu espinho na carne, certamente um pecado, uma falta que ele queria muito se livrar, mas volta e meia caia de novo, e Deus então conforta Paulo dizendo: “Paulo, basta-te a minha graça. É na fraqueza que a força se manifesta”. “Quanto eu me sinto fraco, aí é que sou forte”, descobriu Paulo. E eis que este domingo poderia também chamar o Domingo da Fragilidade. Na fragilidade de Paulo, se revela a força e a graça de Deus. Na fragilidade de Jesus de Nazaré, aquele homem tão comum que chega a sua cidade e é rejeitado pelo povo, nesta fragilidade de Jesus se revela a força do filho de Deus. Conclusão: nossa fragilidade é campo para que a graça de Deus possa se manifestar e impulsionar a nossa vida.
A fé que move Deus - O Evangelho termina dizendo que Jesus não pôde fazer quase nada em Nazaré. A falta de fé do povo impediu que o Ano da Graça acontecesse ali. O que isto nos ensina? Nos ensina que é a nossa fé é que move Deus. A nossa fé move o poder de Deus. Sem fé nada feito. Mas aqui o desafio não é querer um Deus do nosso gosto, como queriam os Nazarenos ao rejeitarem Jesus. Ter fé é respeitar Deus assim como ele é . Aceitar Deus assim como ele se apresenta a nós. Não diminuir Deus fazendo-o à nossa medida. Que a nossa fé seja o verdeiro combustível para a nossa vida!
Pe. Gil, scj

domingo, 1 de julho de 2012

Pedro, Paulo, o Papa e Nós! Yes, Feliz por ser Católico!



Em 1600 quando Lutero sai da Igreja Católica para fundar uma outra Igreja, a protestante, ele e seus seguidores deixam para trás uma grande parte do tesouro espiritual que a humanidade havia herdado. Entre estres tesouros está o pastoreio do Papa como sucessor do Apóstolo Pedro e cabeça de toda a Igreja Católica. Uma sucessão apostólica que data de mais de 2000 anos, e que nos permite afirmar que o Espírto Santo conduz a Igreja e confirma o Papa como aquele que guia a Igreja tal como Pedro, Igreja de resto fundada por Jesus. E aqui já existe uma diferença abissal entre a Igreja Católica e as outras Igrejas. Enquanto a Igreja católica é fundada por Cristo, tendo o apóstolo Pedro como o primeiro Papa, as outras Igrejas vieram 1600 anos depois e foram fundadas não sobre Pedro, mas sobre Martinho Lutero. Tanto é verdade que a primeira Igreja Protestante ficou conhecida também como Igreja Luterana, justamente porque fundada por Lutero.Ao celebrarmos hoje os apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja, celebramos automaticamente o dia da Igreja, o dia do católico, celebramos a nossa catolicidade. Ueba!
Quando alguém vai á Roma e chega a Praça São Pedro, onde fica o Vaticano, dá de cara com duas grandes esculturas na frente da Basílica de São Pedro. Se não me engano à esquerda está Pedro com a chave na mão e à direita está Paulo com a espada. A escultura de Pedro já nos fala muito do evangelho que acabamos de ouvir. Jesus escolhe Pedro como o líder dos apóstolo. Jesus funda a sua Igreja sobre ele. Em Hebraico o nome Pedro é feminino assim como o nome Pedra, e Jesus faz então um jogo de palavras dizendo: Tu és Cefas (Pedro) e sobre esta Cefas (pedra) eu edifico a minha Igreja. E porque Jesus funda a Igreja sobre Pedro? Porque Pedro traz consigo algo essêncial para que Jesus confiasse nele para fundar a sua Igreja. Este algo essêncial é a sua fé.

Pedro é sobretudo um homem de fé. É por isto que ele é o primeiro a reconhecer Jesus como o filho de Deus vivo. Na sua fé ele reconhece Jesus como o filho de Deus. E aqui está o ponto fundamental: Mas como pode Jesus confiar na fragilidade de Pedro e confiar a ele um tesouro tão precioso como a Igreja? A resposta está no próprio evangelho de hoje: Quando Pedro dá aquela bela resposta a Jesus dizendo que ele é o Messias, o próprio Cristo diz: Feliz és tu , Simão, porque não foi o humano que te revelou isto, mas o meu Pai que está no Céu. Então, somente na medida em que Pedro estiver na graça e movido pelo Espírito e que a Igreja estará salva e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.
Dali a pouco, para a nossa surpresa, neste mesmo capítulo do evangelho, Jesus chamará Pedro de Satanás, ou seja, dá uma bordoada em Pedro. A situação é a seguinte: Jesus estava explicando a sua missão aos discípulos dizendo tudo o que ia acontecer, inclusive a sua morte de cruz. Pedro então, assustadíssimo diz: “Senhor, que Deus nunca pernita que isto aconteça”. E aqui Pedro estava falando, não da parte de Deus, mas da parte dos homens, por isso Jesus diz que ele agora esta sendo também pedra, mas de tropeço, de escândalo. Então, quase em um mesmo momento , à diferença de alguns versículos, vemos Pedro, que quando se abre a Graça de Deus, é exaltado por Jesus, mas quando deixa somente o humano falar, está da parte de satanás.

Queridos irmãos e irmãs, eis aqui a tragédia humana. A Igreja Católica é feita de homens e mulheres. A Igreja é Santa e Pecadora. É santa todas as vezes que nos abrimos a Graça de Deus, deixamos Deus falar e é pecadora quando abandonamos esta graça e vivemos somente no humano, e ali que o inimigo nos ataca. Também em nossa vida é assim, basta eu me afastar da Graça de Deus para cair nas armadilhas do mundão.
Quando Jesus dá as chaves da Igreja para Pedro, significa que, aquilo que Pedro abre, ninguém mais pode fechar. E aquilo que Pedro fecha, ninguém mais pode abrir. Pedro é o Chefe da Igreja. Depois que Pedro morreu, começou a sucessão Petrina, a sucessão dos apóstolos, e veio Lino, depois que Lino morreu veio Anacleto e esta sucessão atravessou dois mil anos até chegar hoje no nosso querido Papa Bento XVI. Hoje, para nós católicos, a chave da Igreja está com ele.

E porque Paulo traz na mão a espada? Primeiro, porque foi por ela que ele morreu. Diz a tradição que Paulo foi decapitado, diferentemente de Pedro que morreu na tortura da cruz, sendo crucificado de cabeça para baixo. Paulo teve a regalia de ter só a cabeça cortada porque era cidadão romano. Mas a espada de Paulo significa também que ele foi um guerreiro da evangelização: “Combati o bom combate” dizia ele, o combate da evangelização, a missão de inaugurar aquilo que nós chamamos hoje de cristianismo. Então o nosso Papa Bento XVI sintetiza em si, a chefia da Igreja, que vem de Pedro e o ardor missionário, que vem de Paulo. Eis porque devemos sempre rezar pelo Papa.
A imprensa brasileira trouxe com um certo estardalhaço esta semana a notícia que, segundo o último senso, está diminuindo o número de católicos no Brasil. Se ha dez anos atrás éramos 73 por cento da população hoje somos 64, ou seja, uma queda de quase 10 pontos. Os estudiosos dizem que , ao continuar assim, daqui a três décadas a maioris dos brasileiros será protestante. O que o Papa diz disto? O Papa diz que a Igreja Católica não é e não deveria ser uma instituição massificada. O perfil da Igreja, segundo o Papa, deve ser aquele de uma minoria criativa, isto é, poucos , mas bons, fermento na massa. O católico é aquele que faz a diferença onde está. Seja em casa ou na rua. Católico não praticante não existe, ou a pessoa é católica e vai á missa, comunga, segue o Papa, ama Maria, faz caridade, tem Cristo como centro da sua Igreja, ou não é. Enfim, é feliz por ser católico.

O teólogo italiano Raniero Catalamessa afirmava: “O católico que nega a Igreja é como se negasse a própria mãe, pois foi a Igreja que o gerou para a vida espiritual, com o batismo , o sacramento e a palavra de Deus”. Talvez inspirado em São Cipriano que dizia: “Não pode ter Deus por Pai, quem não tem a Igreja como mãe”. Santa Tereza d’Ávila quando fortemente atacada pelo inimigo e fortes tentações dizia para si mesma: “Eu sou filha da Igreja”. E Santo Agostinho numa felíssissima intuição declarou: “Assim como a luz reflete a luz do sol, a Igreja reflete a luz de Cristo”.
Celebrando o dia de Pedro e Paulo, celebramos o dia da nossa catolicidade, o dia da Igreja. Igreja Santa e Pecadora. É Santa quando vive na graça de Deus, pecadora quando se afasta dele. Igreja Santa e Pecadora que busca a purificação na Cruz de Jesus.

Pe. Gil, scj