A Missa - A missa é um dos tesouros mais
preciosos que Jesus nos deixou. A vida de Jesus foi uma missa vivida, pois Ele
sempre explicava a Palavra de Deus e partilhava o pão. Assim foi na última ceia
e em tantas outras ocasiãos que Jesus estava com os seus discípulos e o povo. E
isto acontece hoje, agora, nesta missa e em todas as missas. Estamos agora
partilhando a Palavra de Jesus e daqui a alguns momentos vamos partilhar o pão.
E, ouvindo a Palavra do evangelho de hoje, podemos nos perguntar. Quem é Jesus
para mim? É
apenas uma palavra, uma idéia, um conceito, uma tradição vazia, ou Jesus é
realmente um acontecimento na minha vida? Um evento? Um acontecimento que marcou o meu
coração para sempre.
O Acontecimento - Me lembro que quando eu tinha 10
anos de idade, participei de um Festival de Teatro lá em Varginha, minha cidade
natal. A peça chamava-se “O Palhaço do Planeta Verde” e eu era o palhaço, que
se chamava Verdinho. A minha escola concorria com várias outras e, coisa que
nós não espéravamos, até porque era um Festival muito concorrido, a minha
Escola venceu como melhor peça teatral, e eu ganhei como melhor ator. E aquilo
na minha vida foi um acontecimento. Eu tenho certeza que vc também tem um
acontecimento assim na sua vida. Eu ganhei uma medalha, minha primeira medalha
que eu até trouxe aqui para vocês verem para falar que eu não estou mentindo.
Olhem aqui. Foi um acontecimento em minha vida que eu nunca mais esqueci.
Acontceu a 34 anos atrás e eu lembro até hoje, com detalhes. É de um
acontecimento deste tipo ou até mais forte que este que deveria ser a nossa
relação com Deus. Você se lembra de quando Jesus entrou em sua vida, para valer? Porque se isto aconteceu, você nunca
mais esquecerá.
Domingo do Acontecimento que não aconteceu - O
domingo da missa de hoje poderia ser chamado o Domingo do Acontecimento que não
aconteceu. Explico porque: Jesus estava começando a sua vida pública e estava
tendo muito sucesso e amealhando fama em toda a região. É chegada a hora então
de retornar à Nazaré e revelar aos seus conterraneos que ele era o Filho de
Deus, o Messias prometido. Jesus entra na Sinagoga e lê um trecho do livro do
profeta Isaías que narrava os fatos que aconteceriam quando o Messias se
revelasse ao mundo: a libertação dos pobres e a evangelização deles; os cegos
recobrariam a vista e seria então proclamado um ano da graça do Senhor.
Imaginemos a grande alegria no coração de Jesus.
Retornar à sua casa, ao seu povo, aos seus parentes e dar a eles esta notícia
espetacular, a notícia da libertação! Mas, para a frustração de Jesus, nada
acontece...ninguém o reconhece como Filho de Deus, muito pelo contrário, as
pessoas começam a criticá-lo, a menosprezá-lo, o que é pior, a colocar em
dúvida as suas palavras: Como ele , um carpinteiro que nasceu aqui pode fazer
milagres? Não
é ele o filho de Maria, seus parentes não moram aqui? Quem ele pensa que é? O povo é tomado por uma admiração e não
aceita Jesus. Jesus também fica admirado da falta de fé deles, e diz uma frase
que se tornou célebre: Um profeta só é desprezado em sua pátria, que hoje se
equivaleria a: casa de ferreiro, espeto de pau.
E o Evangelho termina dizendo
que Jesus não pôde realizar alí nenhum milagre, a não ser curar alguns
enfermos. Jesus sai de sua cidade natal, da cidade que mais amava, com muita
dor no coração, se admirarando da falta
de fé do povo. Jesus estava trazendo para o seu povo a mais bela notícia que
alguém podia dar: “Um ano de graça do Senhor”, mas as pessoas por falta de fé
não acreditaram. Prefiriram se ater nos aspectos exteriores e deixaram a graça
passar. Naquele dia o povo de Nazaré perdeu um ano cheio de graça do Senhor,
simplesmente porque não tiveram fé em Jesus, não o reconheceram como o
verdadeiro filho de Deus.
Santo Agostinho dizia uma frase que serve muito para
nós neste domingo. Ele dizia: “Tenho medo de Jesus que passa...”, qual a causa
do medo de Santo Agostinho? É
Jesus passar e não reconhecé-lo como filho de Deus. O povo de Nazaré não
reconheceu Jesus porque ele veio muito simples, muito pobre. Imagine se aquilo
era um Messias que se apresentasse. Eles queriam um Messias poderoso que
fizesse e acontecesse. Julgando Jesus pela aparência, esqueceram da essência,
que é aquilo que conta. Talvez Jesus passe hoje por nós, e nós não o reconhecemos,
porque ele vem na simplicidade. E isto nos ajuda a entender que Jesus é um Deus
próximo.
Domingo da Proximidade - Este além de ser o Domingo do Acontecimento que não aconteceu,
poderíamos chamá-lo também de o Domimgo da Proximidade. Jesus, retornando a sua
cidadezinha natal nos mostra que é um Deus próximo. Um Deus que está conosco,
de fato, Emanuel. Que a proximidade de Deus em nossa vida não faça com que nós
o consideremos invisível. O ar que respiramos é muito próximo a nós. E é
necessário. Sem ele morreríamos em alguns minutos. Assim é Deus. Ele é como ar.
Tão próximo, tão junto a nós, que às vezes não damos a mínima para Ele. Mas
quando a vida fica difícil, Jesus é o oxigênio que precisamos para passar pelos
momentos difíceis. Estamos imersos, mergulhados na presença de Deus em nossa
vida, mas ao mesmo tempo corremos o grande risco de não perceber esta grande GRAÇA.
Domingo da Fragilidade - Porque Jesus mostrou-se
aparentemente fraco, os nazarenos não o aceitaram. Na segunda leitura de hoje,
Paulo reclama ao Senhor do seu espinho na carne, certamente um pecado, uma
falta que ele queria muito se livrar, mas volta e meia caia de novo, e Deus
então conforta Paulo dizendo: “Paulo, basta-te a minha graça. É na fraqueza que
a força se manifesta”. “Quanto eu me
sinto fraco, aí é que sou forte”, descobriu Paulo. E eis que este domingo
poderia também chamar o Domingo da Fragilidade. Na fragilidade de Paulo, se
revela a força e a graça de Deus. Na fragilidade de Jesus de Nazaré, aquele
homem tão comum que chega a sua cidade e é rejeitado pelo povo, nesta
fragilidade de Jesus se revela a força do filho de Deus. Conclusão: nossa
fragilidade é campo para que a graça de Deus possa se manifestar e impulsionar a
nossa vida.
A fé que move Deus - O Evangelho termina dizendo que
Jesus não pôde fazer quase nada em Nazaré. A falta de fé do povo impediu que o
Ano da Graça acontecesse ali. O que isto nos ensina? Nos ensina que é a nossa fé é que
move Deus. A nossa fé move o poder de Deus. Sem fé nada feito. Mas aqui o
desafio não é querer um Deus do nosso gosto, como queriam os Nazarenos ao
rejeitarem Jesus. Ter fé é respeitar Deus assim como ele é . Aceitar Deus assim
como ele se apresenta a nós. Não diminuir Deus fazendo-o à nossa medida. Que a nossa
fé seja o verdeiro combustível para a nossa vida!
Pe. Gil, scj
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