quinta-feira, 3 de maio de 2012

Deus existe! E como!



Fiquei de queixo caído ao ler na revista Época (09.04) uma entrevista com o grande cosmologista americano Lawrence Krauss, uma das mentes mais festejadas da atualidade, em que ele afirma que Deus é redudante, ou seja, com Deus ou sem Deus é tudo a mesma coisa. Na mesma entrevista, ele diz ainda que postular a existência de Deus não passa de preguiça intelectual de quem é religioso! Não satisfeito, ele decreta que a ciência finalmente chegou ao ponto de poder explicar a criação do Universo a partir do nada; tudo é obra do mero acaso. Uau! Eis aqui um grande insensato, diria Santo Anselmo. Vejamos por que.

Anselmo, filósofo medieval, parte do versículo do salmo 13 que diz: “O insensato diz em seu coração: Deus não existe”, para fundamentar a sua prova racional da existência de Deus. O insensato, diz Anselmo, para negar Deus, deve forçosamente reconhecê-lo em sua mente. Reconhecendo-o na mente estará de acordo que Deus, ao menos em seu pensamento, é aquilo do qual nada de maior se pode pensar. Mas no mundo real, continua explicando Anselmo, tudo é maior do que qualquer idéia que trago na mente. Ora, existe aqui uma contradição entre o pensamento e a realidade que não podemos suportá-la. Logo, conclui ele, Deus existe tanto na mente quanto no mundo real. Bingo!

Outro filósofo medieval que fará um grande esforço para demonstrar a existência de Deus pela razão será Tomás de Aquino, nas célebres cinco vias. As provas de Tomás de Aquino partem sempre da contigência e imperfeição que afeta todo o mundo criado. Tomás se pergunta pela causa desta contigência e, investigando a fundo, sabe que não pode continuar se perguntando ad infinitum. Ele chega então a conclusão que somente uma causa necessária é capaz de interromper o eterno perguntar-se pela contigência do mundo. Esta causa necessária, afirma Tomás na Suma Teológica, é aquilo a quem as pessoas dão o nome Deus!

Ainda assim, Lawrence Krauss não depõe as armas: ele sustenta que Deus não serve para explicar a origem do universo, pois segundo ele não havia nada no universo, apenas partículas de energia. Mas, alto lá! Isto já é alguma coisa, certo? Quem criou estas partículas? Isto ele não responde. Para ele, as pertículas estavam lá e pronto. A grande contradição de Mr. Lawrence é que, para ele o nada é alguma coisa... mas deixemos a resposta para Tomás.

 Uma das vias que S. Tomás de Aquino usa para demonstrar a existência de Deus é a chamada causalidade eficiente. Esta via procura explicar o “começar a ser”, o iniciar-se das coisas, tal como uma planta, um animal, eu mesmo, pois nós não existimos desde sempre, antes não éramos e agora somos. Logo, é necessário afirmar uma causa eficiente primeira, causa não-causada, a quem chamamos Deus. E isto vale também para as partículas de energia que Lawrence Krauss, erroneamente, considera ser o nada...

A crítica mais injusta feita pelo cientista é a de sermos belos preguiçosos intelectuais. Muito pelo contrário. A filosofia medieval deixou de herança para a modernidade a possibilidade de pensar Deus não apenas pela fé, mas também pela razão, e isto é fruto de um grande esforço intelectual, feito pelos pensadores daquela época. Pensando Deus pela fé e pela razão evitamos de cair no simplismo daqueles que acreditam, e por isso acham tudo possível, e daqueles que não acreditam, e por isso acham tudo impossível, não é Mr. Krauss?

pe.Gil, scj







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