segunda-feira, 21 de maio de 2012

O mal, o horror, o horror


Fiquei de queixo caído ao ler no jornal italiano Corriere della Sera (17.05) que na cidadezinha de Brindisi, localizada ao sul da Itália, alguém deixou uma bomba preparada para explodir rente ao muro de uma escola. No exato momento em que os alunos chegavam à escola, o artefato explodiu, matando uma menina (foto acima) e deixando uma outra gravemente ferida com queimaduras em 90% do corpo. Melissa Bassi, a garota que morreu, tinha apenas 16 anos e a vida inteira pela frente...

O fato acima, infelizmente, é apenas um exemplo dos milhares que poderíamos chamar “o triunfo do mal no mundo”. Em momentos assim a nossa fé vacila e perguntamos: mas onde está Deus? Pergunta, de resto, feita pelo nosso amado Bento XVI ao visitar Auschwitz, campo de concentração nazista onde mais de um milhão de judeus foram assassinados: “Onde estava Deus nestes dias? Por que Ele ficou em silêncio? Como pôde tolerar esta destruição, este triunfo do mal?” indagava o Papa para fazer logo em seguida um apelo ao Deus vivente para que semelhante coisa não voltasse a acontecer.

A presença do mal e do sofrimento no mundo junto à presença de um Deus Amoroso e Onipotente leva Tomás de Aquino a considerar o poder da força do mal como o argumento mais forte daqueles que não acreditam em Deus: “Se Deus existisse não haveria nenhum mal. Ora, encontra-se o mal no mundo. Logo, Deus não existe”, pensam eles. Para convencê-los da providência de Deus no mundo, não obstante a presença do mal e do sofrimento, Tomás explica utilizando-se do pensamento de Santo Agostinho: “Deus, soberanamente bom, não permitiria de modo algum a existência de qualquer mal em suas obras, se não fosse poderoso e bom a tal ponto de poder fazer o bem a partir do próprio mal”. E Tomás conclui: “Assim, à infinita bondade de Deus pertence permitir males para deles tirar o bem”. Ou seja, o mal não tem substância em si mesmo, não tem uma existência autônoma; é como se o mal dependesse do bem para existir, pois, como explica São Tomás, o mal na verdade é uma privação, assim como a cegueira é a falta de alguma coisa no olho. Tomás tentará aprofundar esta explicação ao longo de suas obras, mas em linhas gerais é esta a resposta que ele dá.

Será que a explicação filosófica acima é capaz de responder ao homem quando este se depara com o sofrimento e o mal em suas formas mais variadas, crueis e absurdas? Eu penso que não. Para algumas situações limites da vida onde tudo parece ruir, onde o chão parece faltar sob os nossos pés e o teto cair sobre a nossa cabeça, resta-nos somente a fé e a confiança em Deus; quando o mal parece dominar é preciso manter no coração a certeza de que Deus está no comando do nosso barco á deriva. Devemos conservar a firme convicção que as forças do bem são mais fortes que a do mal. Enfim, se convencer que o sofrimento é apenas uma vírgula na existência humana. O ponto final quem coloca é Deus, o sumo bem, com a sua providente misericórdia.

A um soldado nazista que perguntava zombeteiro a um prisioneiro onde estava o seu Deus, já que dali a um momento ele seria enforcado, o prisioneiro respondeu: “Está ali, na forca, sofrendo junto comigo...”. Com certeza, assim como nós, Deus chora por Melissa.

pe.Gil

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