O TEMPLO era importantíssimo para o povo de Israel. Era um grande desejo de Davi construí-lo, mas quem o construiu de fato foi Salomão. Era o lugar da morada de Javé. No centro do templo havia o lugar sagradíssimo onde ficava a arca da aliança. Para os israelitas, esta arca representava o próprio Deus, pois dentro dela estava as tábuas da Lei que Deus entregou a Moisés, estava também a vara de Aarão e um pote cheio de Maná, alimento que não permitiu a morte dos israelitas no deserto. Neste lugar do templo, sagradíssimo, era permitida somente a entrada do Sumo-Sacerdote. Se alguém tocasse na arca, e até mesmo se o Sumo Sacerdote entrasse ali impuro ou com pecado, tinha uma morte fulminante. Então, quando se fala do Templo falamos de um lugar altamente sagrado, morada do próprio Deus, presença de Deus na terra.
Agora podemos entender porque JESUS ficou muito bravo pelo fato de o povo e os sacerdotes transfornarem o templo, que deveriam reverenciar, em um local de comercio, não só de comércio, mas mesmo de corrupção. E os sacerdotes, que deveriam zelar pelo templo, ou faziam vistas grossas para as falcatruas ou então eram diretamente envolvidos nelas. Esta passagem do evangelho assombra todos nós! Onde está o Jesus, manso e humilde de coração? Que Jesus é este que pega chicotes e bate nos vendilhões, expulsando-os do templo, espalha as moedas, derruba as bancas, ou seja, faz uma muvuca, um barraco! Jesus está realmente muito bravo! Ele está fora de si! Tá arrebentando tudo! E por que? Qual o motivo de tanta revolta. A resposta está na frase que Jesus diz: Não façais da casa de meu PAI uma casa de comércio!
E aqui vem a terceira palavra fundamental desta reflexão: PAI. Esta é a casa do meu PAI diz Jesus. E se é a casa do PAI é porque Deus mora lá. Também para Jesus o templo representava a presença ativa de Deus. O templo era o próprio Deus. E quando Jesus vê o desrespeito com o templo é como se o próprio Deus fosse desrespeitado. Então, o evangelho deste domingo, e aqui ao meu ver está o ponto essencial, nos mostra uma profunda IDENTIDADE entre JESUS e o PAI.
Jesus se identifica com o PAI. O filho se ofende quendo vê o pai ser ofendido. O FILHO se preucupa com o PAI. E porque o FILHO defende o PAI. Oras, porque o FILHO ama o PAI. Existe uma identidade ontológica entre o PAI e o FILHO. É o proprio Jesus que diz no evangeçho de João: "Quem me vê, vê o PAI". Quando JESUS investe contra os vendilhões do templo ele sabe muito bem o que está fazendo: Está defendendo a honra do seu PAI. E nós?
Vocês sabiam que quando um adolescente se crisma, ele está mais apto a defender a Igreja. Vocês sabiam que este é um dos frutos do sacramento do crisma? O adolescente é impulsionado pelo Espírito Santo a defender a sua fé. Neste episódio do templo nós vemos Jesus, também impulsionado pelo Espírito, a defender o PAI presente no templo. Esta profunda identificação do FILHO com o PAI nos devemos imitá-la! Ali está a força de JESUS. Saber que ele e Deus são UM. E aqui deveria estar a nossa força. Sabemos que não somos órfãos, mas temos um PAI. Somos filhos e filhas de Deus. E se Deus é REI, e se somos filhos deles, fazemos parteda realeza! Na nossa carteira identidade espiritual o nome do Pai está lá: DEUS, criador do mundo. E para nós, católicos, na nossa carteira de identidade espiritual tem também o nome da MÃE:Maria, a intercessora. Deus é Rei e tem um Reino: o Reino dos Céus. E neste reino fazemos parte da realeza. Somos princípes e princesas.
Havia uma princesa que encontrou na floresta certa vez uma fada, e esta apontou para ela um sapo, rechonchudo, verde, gosmento, com os olhos esbugalhados, que pulava, pulava e pulava. E aquela fada pediu que a princesa levasse o sapo para casa e, depois de três dias, o beijasse, e então, tchã, tchã, tchã, tchã ele viraria um belo de um príncipe! A princesa acreditou na fada e levou o sapo para casa. E todos a criticavam porque onde a princesa ia o sapo ia atrás. Uma princesa tão bela e um sapo tão feio. Quando Deus criou a feiúra aquele sapo deveria ter entrado na fila umas cinco vezes, de tão feio que ele era. Mas a princesa não se importava, aquela era a sua missão. Ela suportou os deboches, os sofrimentos, as críticas e manteve-se firme. No terceiro dia, deu um belo beijo no sapo e ele transformou-se num belo príncipe. E eles viveram felizes para sempre!
É isto. As vezes o tinhoso quer nos fazer crer que não temos um PAI, que não somos FILHOS e que não fazemos parte da realeza. O tinhoso quer nos fazer crer que somos sapos e sapas, e que o mundo é um brejo sem jeito. Ou seja, ele nos rouba a ESPERANÇA, ele nos rouba a FÉ. Ele quer nos fazeracreditar que viver é pular de um lado para o outro, comendo as moscas que o mundo oferece. E isto não é verdade. Assim como Jesus vivia esta extrema identidade com o PAI, sentindo-se filho e por isso amado e querido por Deus, nós também deveríamos fazer o mesmo. Estarmos seguros no mundo, acreditando que podemos superar as dificuldades pois fazemos parte da realeza! Não somos sapos, somos principes! E vocês mulheres podem dizer: não somos sapas, somos princesas! O tinhoso quer que acreditamos que a vida é um pântano mal cheiroso, mas não devemos acreditar nesta esparrela! Devemos caminhar confiantes pois o nosso PAI é simplesmente o dono do mundo!
Que neste terceiro domingo da quaresma, nós possamos dar mais um passo verso a perfeição, na feliz certeza que não caminhamos sozinhos, mas que Deus, assim como faz um PAI amoroso, nos leva no colo, nos acalenta com carinho e nos dá forças para superarmos os obstáculos e olharmos sempre adiante. Temos uma identidade sim! Somos filhos e filhas de Deus!
pe. Gil
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